Já parou para pensar como as histórias chegam até você? O caminho que elas fazem? Como terá sido a trajetória, quais os desejos e movimentos do escritor?
Acredito que as histórias chegam em nós com um propósito, seja mexer com nossas memórias, afagar nosso coração ou nos inquietar.
O livro O meu avô, de Catarina Sobral, me encantou. A autora faz um paralelo sobre as horas bem vividas e o tempo mais apressado, sob o ponto de vista do neto. E o que seria o tempo gasto de forma a aproveitar os pequenos momentos da vida, a cultivar a presença, a admiração e o exemplo. A leitura nos faz pensar como “gastamos” o tempo com o que gostamos e com quem amamos.
O meu avô é um livro que chega, fica e precisa encontrar novos pousos. Eu terminei a leitura com questões que, com certeza, servem para todas nós: Como estamos aproveitando nossos momentos? Vamos pausar o agora, acertar os ponteiros do relógio, compassar o ritmo? Que tal revisitar os lugares que fazem burburinho na gente, conversar com o tempo como se fosse um amigo e, quem sabe, até fazer tratos com ele?
E essa conversa com o (meu) tempo me rendeu uma costura de palavras, que compartilho com vocês:
Toda hora é hora
Quando o sol se põe, já é hora
Hora de costurar o tempo
O tempo do seu Antônio buscar o filho na escola
A hora de Guilhermina por comida no fogo
Um afago de boa tarde
Uma conversa de vizinha
Um aconchego no filho
Hora de cochichar sobre vontade amorosa
Hora de escutar conversa de pé de escada
Toda hora é hora de aproveitar o aroma do tempo
Toda hora é hora
Mas... que gosto tem o tempo de agora?
Mais informações sobre o livro:
Além do texto, a autora também assina as ilustrações e foi considerada a melhor ilustradora internacional com menos de 35 anos, pelo júri da Feira Internacional do Livro Infantil de Bolonha, em 2014. Na narrativa visual, Catarina traz uma harmonia entre cores quentes e frias, caracteriza bem os personagens e acrescenta camadas e subtextos ao enredo. Coisas lindas da Literatura.
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