por aí
colecionando momentos
Como você escolhe ver o mundo?
I por Fernanda Godinho
Quando eu falo a palavra árvore o que vem à sua cabeça? Já reparou na biodiversidade incrível que existe no Brasil? Saberia me dizer alguns tipos de árvores que você vê no seu cotidiano? Já parou para perceber o ciclo de alguma delas?
Aqui da minha janela consigo ver uma paineira. Ela fica florida, repleta de flores cor de rosa na época do meu aniversário. Sinto que é o meu presente e uma alegria toma conta do meu coração.
O mar não vejo da janela. Mas tenho o privilégio de saber que bastam alguns passos e ... pronto! Pé na areia, vento no rosto e água salgada pra lavar a alma.
Desde muito pequena eu olhava pro mar e via sua impermanência. Mesmo quando ainda não sabia o que isso significava. Ora calmo e azul, ora agitado e cinza – de ressaca, assim como nós.
Somos parte de um todo e a nossa natureza também é da impermanência. E acredito, de verdade, que nosso olhar para a vida faz toda a diferença entre achar tudo uma mesmice ou ver beleza em coisas simples. A vida melhora quando o nosso olhar se apura, sabe?
Quantas vezes por semana você já parou para olhar o céu? Olhar mesmo, com o intuito de contemplar, e não apenas para ver se vai chover. Olhar as nuances das cores, a luminosidade e todo aquele material que inspira os pintores e os poetas?
Trabalhei como professora de Ensino Fundamental por mais de trinta anos e um dos meus maiores objetivos era fazer com que as crianças reparassem nas coisas que as cercavam, nos tons das folhas, dos troncos, das flores, na forma dos frutos, seus aromas e seus gostos. Quantas tardes saímos juntos da sala de aula para observar a cor do entardecer, a força da chuva e o som do riozinho que passava pelo pátio...
Agora, longe da escola, venho tentando apurar ainda mais o meu olhar para coisas do céu, da terra e do mar. E coisas da arte também.
Esse vai ser um espaço de troca. E deixo aqui um convite pra gente se olhar e reconhecer nas obras da natureza e dos homens o tanto de beleza que há em nós.
Sou mãe de três, escritora, professora e colecionadora de museus. Nasci no Rio, mas me sinto à vontade em qualquer lugar. Sou coautora da coleção A turma da Horta Viva (Ed.Zit) e participei da antologia Quantas Portas Cabem numa Porta (Ed. Casa do Lobo). Além de Literatura, amo a natureza e todas as formas de arte. Depois que me aposentei das salas de aula, comecei a trabalhar com formação de professores e tenho dedicado ainda mais meu olhar para registrar minhas andanças no perfil @portinhola.s