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Deixa o novo entrar  

I  por Fernanda Godinho

Sou ariana, isso já é uma baita identidade!

 

A astrologia diz que sou alegre, extrovertida, impetuosa. Ops, não sou nada impetuosa! Por ter a lua em capricórnio, adoro uma segurança, um planejamento, uma previsibilidade.

 

Sou uma pessoa de ação e saber que realizei uma tarefa me faz bem. Então, desde jovem, todo início de ano elaboro uma lista de desejos. Me permito colocar até mais do que eu pretendo realizar. Vai que acontece! Nunca faltam as coisas práticas: pintar a sala, trocar as cortinas, ir ao dentista, ao médico, trocar meus óculos, festejar os aniversários em família, emagrecer tantos quilos...

 

Volta e meia visito a lista e tenho o maior prazer em ticar o que já realizei. Este ano está tudo caminhando bem, eu penso.

 

Só que, há dois anos, comecei a fazer (um pouco) diferente.

 

Continuo com a lista, mas os desejos não são tão materiais. Agora coloco: ir mais à praia, sair com as minhas amigas, dar mais atenção aos meus pais, estudar mais astrologia, ler pelo menos um livro por mês, continuar indo à academia, escrever com mais frequência... e, o mais importante, deixar o novo entrar!

 

Que difícil isso!

 

E se o novo for ruim? Se eu não gostar? E quem disse que a vida pede licença? Os planejamentos se adequam. Mudar a nossa forma de lidar com o inesperado pode determinar o rumo do que está por vir.

Estando mais aberta, o novo realmente se apresenta. Aí está o grande barato!

 

Pertinho do ano acabar, ando revisitando minha lista e me surpreendi com tantas coisas que não planejei e que foram parte importante da minha história.

 

Em outubro, viajei com minha filha Maria Clara para a Chapada dos Veadeiros. Você diria que tem tudo a ver com uma ariana, mas não comigo. Sou medrosa e aquelas trilhas com mil subidas e descidas eram um desafio para mim. Consegui fazer altas metáforas em relação à minha vida e, posso garantir, foi uma das maiores experiências que já vivi. Deixei toda a programação a cargo dela e gostei da sensação. Não estava no “controle”. E isso foi libertador.

 

Deixei fluir aquela água toda das cachoeiras na minha pele, me conectei comigo, com ela e com a natureza. Descobri que aguento mais do que imaginei. E me senti plena, feliz!

 

Ainda faltam algumas semanas pro ano acabar e convido você a fazer as suas listas. A de desejos para 2024 e outra, dos momentos inesperados de 2023.  

 

Aproveita e agradece tudo que viveu. Aprender a enxergar o copo cheio é um exercício que precisa de repetições. E esse movimento é fundamental para nos tirar do lugar, da mesmice.

 

Como já dizia aquela banda dos anos 80, “no balanço das horas tudo pode mudar!”

 

Bora balançar! Tomar um bom impulso para aterrissar com o pé direito.

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Sou mãe de três, escritora, professora e colecionadora de museus. Nasci no Rio, mas me sinto à vontade em qualquer lugar. Sou coautora da coleção A turma da Horta Viva (Ed.Zit) e participei da antologia Quantas Portas Cabem numa Porta (Ed. Casa do Lobo). Além de Literatura, amo a natureza e todas as formas de arte. Depois que me aposentei das salas de aula, comecei a trabalhar com formação de professores e tenho dedicado ainda mais meu olhar para registrar minhas andanças no perfil @portinhola.s

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