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colecionando momentos

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É nos detalhes que mora o amor

I  por Fernanda Godinho

Foi preciso uma pandemia para eu me reconectar com minha casa e a vista da janela. Comecei a perceber o canto dos pássaros. Aprendi a diferenciar os convites para conversas que vinham dos tucanos, das maritacas, dos bem-te-vis...

 

Junto com a amplitude de percepção, veio uma nova perspectiva. Abri meus armários e comecei a usar minhas louças “de festa” para fazer as refeições cotidianas.

 

Não sabia quanto tempo ainda teria minha família reunida, então, fazia de tudo para valorizar o tempo presente e ver se o medo do futuro diminuía (pelo menos um pouco!).  Uma vez por semana, me armava de máscara e álcool em gel e saía para comprar flores. Cada vez escolhia um tipo diferente para encher a casa com uma nova cor.  Assim, renovava minhas esperanças por dias melhores.

 

Além das flores comprei muitos livros. Precisava alimentar minha alma. Devorava livros Infantis, de arte, de poesia e romances. Entre uma história e outra, fazia bolos e colagens. Comecei a encher cadernos com recortes aleatórios de revistas, imagens que tocavam o meu coração. Acho que foi a forma que encontrei de continuar projetando sonhos, naquele momento em que o amanhã era tão incerto. 

O isolamento acabou e deixou em mim esse olhar refinado. Como se eu tivesse vestido meus olhos com lentes que tornam as cores mais vivas.

 

Percebi que a beleza está nas nuances.

 

Querer encontrar o belo virou uma meta nas minhas andanças. Hoje, se tenho uma consulta médica em um determinado bairro, pesquiso o que tem de legal por perto para conhecer.

E a obrigação vira um prazer!

 

Depois de ter mudado de atitude, parece que vivo em uma cidade muito diferente, cheia de coisas lindas para ver. Sou carioca e sempre morei no Rio de janeiro. Mas agora saio de casa com olhar de turista. Me pego observando uma flor, o mar, o pôr do sol, uma folha caída no chão. E sorrio sempre que me dou conta que eles sempre estiveram lá. Eu é que olhava, mas não via.

 

É nos detalhes que mora o amor!

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Fernanda Godinho

Sou mãe de três, escritora, professora e colecionadora de museus. Nasci no Rio, mas me sinto à vontade em qualquer lugar. Sou coautora da coleção A turma da Horta Viva (Ed.Zit) e participei da antologia Quantas Portas Cabem numa Porta (Ed. Casa do Lobo). Além de Literatura, amo a natureza e todas as formas de arte. Depois que me aposentei das salas de aula, comecei a trabalhar com formação de professores e tenho dedicado ainda mais meu olhar para registrar minhas andanças no perfil @portinhola.s

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