top of page

prosa e verso

muito do que temos a dizer   

AdobeStock_572283436.jpeg

Esse é nosso espaço dedicado aos textos literários.  Nesta quarta edição, a proposta lançada foi  novamente a de explorar os sentidos nos textos curtos. Já ouviu falar em microliteratura?

Apresentar narrativas completas em poucas palavras é  um grande desafio . Desta vez, com o tema silenciamento e censura.

Fogo em alto mar
 

Durmo.

Mas não sonho o sono dos justos porque sou injusta e justaposta.
 

Durmo.

Mas não sonho o sono dos justos porque sou insana e fantasmagórica.
 

Durmo.

Mas não sonho o sono dos justos porque sangraram o sangue dos meus antepassados no lastro, no mato.
 

Durmo.

Mas não sonho o sono dos justos porque apagaram meu passado e rasuraram meu futuro.
 

Durmo.

Mas não sonho o sono dos justos porque clamo e não tenho respostas.
 

Durmo.

Mas não sonho o sono dos justos porque não tenho palavras e não posso escrever.
 

Durmo.

Mas não sonho o sono dos justos porque tenho um grito mudo dentro de mim.



Dayane Teixeira
@sy_jigeen

* texto publicado originalmente no livro
Corpo-concha (ed. Folheando)

Captura de Tela 2023-11-03 às 09.48.18.png

Sou mulher cearense tentando resgatar meus laços ancestrais, formada em Letras, atuante na área de museus, membro do Coletivo Tradição Viva, pesquisadora independente de Literatura Africana, Negro-brasileira e Indígena brasileira, idealizadora da página literária @sy_jigeen e também autora do livro de poesias Corpo-concha.

Ardência
 

Não vá dizer a uma mulher

O que ela deve escrever ou ler,

como deve falar,

de que forma se comportar,

o que vestir,

a que horas sair,

com quem andar,

dormir,

acordar.

 

Guarda esse olhar

de quem só sabe julgar, pois nas nossas palavras loucas ou santas,

na nossa vida

escrita em linhas

retas ou tortas mandamos nós.

 

Nem tente nos

mandar pra fogueira.

 

A fogueira somos

nós mesmas.

 

E não há quem

apague

uma mulher

que aprendeu

a dançar

em volta

do próprio fogo.



Viviane Lucas
@contosdaluanova.

Captura de Tela 2023-11-02 às 12.07.07.png

Sou psicóloga, professora e escritora. Escrever é minha forma de interagir com o mundo, desde sempre. Publiquei Andarilha (2022) e Um lugar pra guardar imensidões (2023), ambos de poemas, pela Lura Editorial.  E Por outros olhos (2023), um livro para a infância, para gente pequena e grande. Participei também das antologias: Crônicas da Manhã e Onde canta o Sabiá, (Lura Editorial) e Amazônia (Selo Off Flip) e sopro minhas palavras no instagram @ contosdaluanova.

Não se cale
 

boca fechada não entra mosca

dizia o ditado

nem mais nem menos

mas à teimosia espreitava

algumas palavras

nada de régua

não caibo em opiniões

não quero

não me encaixo

falei e está falado

já dizia minha mãe:

não se cale

escute e depois, fale
 

Leila Fernanda Arruda
@leilafernandaarruda

Captura de Tela 2023-11-02 às 18.26.49.png

Gosto de saber que sou uma bordadora do pensar. Sou servidora pública e também escritora e contadora de histórias. Agora tenho me aventurado pelo mundo da ilustração. Faço parte do Coletivo Teia Literária Vozes desde a sua fundação e tenho textos nas antologias Ecos da resistência  (2021), Cartas para o futuro (2022), Mulherio das Letras Portugal  (2022) e Poetize (2022).  Escrevo também sobre as autoras do coletivo e as teias que nos unem no perfil @teialiterariavozes

bottom of page