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universos femininos

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Uma dívida histórica 

 I   por Graziela Honorato

O apagamento histórico da mulher, dos mais diversos cenários e lugares de fala, - até como resultado de uma narrativa androcêntrica dos saberes -, encontra-se com um presente curioso e questionador.

 

O presente pergunta: “onde estiveste?” E a História da mulher responde: “amordaçada”.

 

A moldagem de uma “não-existência” do protagonismo feminino, no passado, fere de morte inúmeras mulheres que, verdadeiramente senhoras de seu tempo, empreenderam lutas e foram vitoriosas, ainda que sem o aceno da fama ou do reconhecimento.

 

E é uma injustiça que a atualidade questionadora permaneça sem respostas e sem as histórias de suas mulheres.

 

Heroínas em uma narrativa que se esmerou em omiti-las, a verdade é que muitas mulheres desbordaram das projeções sociais que se lhes impunham, fossem elas relativas à vida privada, ao cuidado do lar ou ao silenciamento.

 

Descortinar um passado de apagamento é deparar-se com mulheres que transgrediram, inspiraram, criaram e subverteram a ordem, na “insustentável leveza” de se fazer justamente o que delas não se esperava: liderar. Mulheres brancas e sobretudo mulheres negras restaram invisibilizadas, em um passado que não honrou efetivamente sua própria história, para além de uma encenação de egos.

 

Fazer justiça à bravura dessas mulheres implica questionar e redesenhar a História, com a inclusão das personagens femininas que dela participaram, em um resgate de equidade e sobretudo de dignidade.

 

É preciso sossegar a inquietação moral que nos assombra e finalmente darmos voz à ancestralidade que nos chama. À maneira de um sábio provérbio africano 1 : “não é tarde demais para buscar o que foi esquecido 2  ”.

1 Projeto Sankofa discute as questões e relações étnico-raciais. Portal Fiocruz. Disponível em: http://portal.fiocruz.br/noticia/projeto-sankofa-discute-que toes-e-relacoes-etnico-raciais. Acesso em 20 de fev. de 2023.

2 “se wo were fi na wosan kofa a yenki”: provérbio de origem africana, que significa, em tradução livre: “não é errado voltar atrás e buscar o que foi esquecido”.

Referências Bibliográficas Projeto Sankofa discute as questões e relações étnico-raciais. Portal Fiocruz. Disponível em: http://portal.fiocruz.br/noticia/projeto-sankofa-discute-questoes-e-relacoes-etnico-raciais. Acesso em 20 de fev. de 2023. TEDESCHI, Losandro Antonio. Os desafios da escrita feminina na história das mulheres.  Raído, Dourados, MS, v.10, n.21, jan./jun. 2016.

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